terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Rio de Janeiro - Parte I

Ipanema, Copacabana, Carnaval, UPP, Projac… Para a maioria dos brasileiros, o Rio de Janeiro se resume ao que veem nos noticiários da televisão, ou pior, na novela das 8. É claro que alguns aspectos a respeito dessa cidade há muito já não estão em discussão e fazem parte do imaginário coletivo do que o Rio representa. Sim, a cidade é maravilhosa, o Cristo Redentor é lindo e o Pão de Açucar é fenomenal. Mas a verdade é que, às vezes, tenho a impressão de que mesmo os cariocas se esquecem de outras facetas não menos interessantes da cidade onde vivem.

E eu me incluo nessa categoria de pessoas. Sempre que visito o Rio, faço mais ou menos os mesmos programas: praia de Ipanema, peça de teatro, caminhada sobre as curvas do calçadão de Copa, chopinho em algum bar metido à besta do Leblon. Da última vez que estive na cidade, me propus a fazer algo diferente do que estava acostumado. Bem diferente...

A primeira diferença foi o local de hospedagem. Decidi que ficaria em um bairro diferente, mais tradicional. Queria Centro, Lapa ou Santa Teresa, e foi esse terceiro que acabei escolhendo. Numa daquelas ladeiras de “Santè” – uma escadaria, para ser mais exato –, descobri um pequeno albergue que me agradou. Apesar do bonde estar paralizado por causa do acidente ocorrido em agosto de 2011, o que dificulta o acesso ao bairro, achei o lugar uma ótima opção de hospedagem.

Caminhar pelas ladeiras e escadarias do bairro é uma delícia. Observar os casarões do século XIX e início do XX, visitar o Museu da Chácara do Céu, tomar um chopp em qualquer barzinho da Carlos Magno – não menos metidos à besta que os do Leblon. Em Santa Teresa a vida parece ter ritmo próprio, um ritmo bom. E o que mais me impressionou no bairro foi, ali já na divisa com a Lapa, a escadaria Selaron.

Essa escadaria foi a primeira constatação daquilo que falei no início desse post: as belezas do Rio são tantas que algumas acabam ficando escondidas, restritas a poucas pessoas de sorte. Eu nunca havia sequer ouvido falar nessa escadaria. Como pode? Fiquei realmente extasiado com aquele cenário. E olha que já estive em Barcelona, conheço a obra de Gaudi de perto... e falo isso como arquiteto e como turista.

Para você que, assim como eu, nunca tinha ouvido falar na Selaron, eu explico: em Santa Tereza, como você deve ter percebido pelo texto, existem muitas escadarias. Isso mesmo, no lugar de ruas, existem escadarias. Afinal, o bairro fica em um dos muitos morros do Rio. Pois bem, essa escadaria em especial foi objeto de trabalho de um artista plástico uruguaio. Ele revestiu todos os degraus – e eles são muitos – muros e construções adjacentes com cacos de azulejo e azulejos comemorativos dos mais diversos temas, das mais diversas nacionalidades. A principal diversão dos turistas é encontrar um azulejo do seu pais, da sua cidade, ou de qualquer assunto que diga respeito à sua origem. Achei vários de Beagá...

Além de linda, a escadaria é muito divertida. Eu passaria ali uma tarde inteira observando cada um daqueles azulejos. Pena que eu ainda tinha muito para ver no Rio, não dava para ficar a tarde toda... Ah, uma dica importante para quem quer visitar a escadaria Selaron: sempre suba a escada ao invés de descer. Eu sei, para baixo todo santo ajuda, mas nesse caso vale a pena o sacrifício... quem desce tem que ficar toda hora se virando de costas para ver a parte vertical dos degraus (o "espelho", para os amigos arquitetos). Eu, desavisado, caí na bobagem de fazer isso e não foi nada inteligente.

Para te deixar com água na boca, nos próximos posts vou falar de antiguidades, DVDs de filmes raros, boteco, história, livros e mais coisas interessantes que vi no Rio.

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